O apóstolo João registra
em seu Evangelho um importante milagre de Jesus, dentre os muitos relatados ou não
na Bíblia. Se hoje temos um tratamento diferente aos cegos, no tempo de Jesus
os cegos não tinham valor algum e sua cegueira era tida como castigo por algum
pecado. A Bíblia relata que Jesus notou no meio da multidão um homem cego,
relegado à indiferença da sociedade de Jerusalém, assim como ainda acontece nas
grandes atualmente. O entendimento era de que se nascera cego, estava sendo
castigado por algum pecado e por isso permanecia abandonado, sozinho,
dependendo da caridade e da compaixão de quem por ele passasse. Todavia, ele
recebeu a graça de ser notado por Jesus que não vê multidões. E sim a pessoa em
profundidade. E quando Jesus prendeu sua atenção naquele pobre homem seus
discípulos, condicionados pela crença da "causa e efeito", questionaram
o Mestre sobre quem haveria pecado se ele nascera cego. Percebemos que havia um
preconceito claro ali, pois o julgamento não olhava a pessoa e sim o que a
sociedade estabelecia como pecado. Mas Jesus quebrou esse paradigma, primeiro
porque parou para dar atenção àquele que sequer era notado pelos outros. Isso
nos mostra que Jesus se importa com cada ser humano, sem distinção ou
julgamento e assim mostra aos seus discípulos que não havia nenhum castigo e
nenhuma maldição hereditária na vida daquele homem. E Jesus nos mostra que a
cegueira maior era da sociedade que se prendia muito mais a legalismos, por
isso os fariseus se incomodaram com o fato de que Jesus curara o cego em um
sábado. Pouco importava se aquele era o momento de luz para alguém que passou a
vida toda na escuridão. O ritual era mais importante do que a vida ou a saúde daquele
homem. Nisso, a sociedade atual continua a mesma. As leis beneficiam, por seus
rituais, os corruptos, os ladrões, enquanto os doentes continuam à margem da
sociedade. Vemos que Jesus queria não só curar a cegueira física, mas também
abrir os olhos espirituais do cego e de todos demais. O Senhor ainda chama
Trazei o povo cego, que tem olhos; e
os surdos, que têm ouvidos. Isaías 43:8
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